terça-feira, 31 de março de 2009

Celebração do Amor

Celebração do Amor
Cântico dos cânticos

“O casamento pode ser um jardim engrinaldado de flores ou um deserto causticante e inóspito. O casamento pode ser um lugar de liberdade ou uma prisão e uma masmorra, lugar insalubre e perigoso. O casamento pode ser um projeto de felicidades ou uma arena de brigas, contendas, decepções e lágrimas” (Rev. Hernandes Dias Lopes, sermão pregado no programa Verdade e Vida).

Introdução
O projeto de Deus é que a nossa casa seja uma antecipação do céu. O nosso lar deve ser o lugar mais desejado, o lugar mais gostoso para se estar. Entretanto, isso está muito distante de ser uma realidade na vida de muitos casais. Por quê? Proponho uma análise do casamento na história.
Na Idade Média, o casamento era considerado um mal necessário. O casamento havia acontecido por causa da queda. Entretanto, aqueles que desejavam viver uma vida de santidade deveriam, obrigatoriamente, absterem-se do casamento e, por conseguinte, das relações sexuais, assumindo assim o voto do celibato. Ainda hoje, há uma corrente mais conservadora do catolicismo que defende que o sexo tem como único objetivo a procriação.
Os reformadores trouxeram uma nova visão acerca do matrimônio. João Calvino afirmou que o vínculo do casamento é mais sagrado que o vínculo que prende os filhos aos seus pais. Os puritanos, por sua vez, resgataram o princípio de que o casamento é um estado de excelência maior do que o celibato. O casamento foi instituído por Deus antes da queda. Os puritanos acreditavam que o casamento e a família era a forma mais sublime de Deus expressar o seu amor.

Curiosidades do livro de Cantares
No hebraico é definido como shir hashirim (o mais excelente dos cânticos). Na Septuaginta, Asma ou Asma Asmáton. Na Vulgata latina Canticum Canticorum. O nome do livro é uma expressão que está no grau superlativo: “o mais belo de todos os cânticos”.
Alguns rabinos proíbem a leitura para menores de 30 anos de idade. O conteúdo do livro é tão diferente de todo o restante da Bíblia que muitas pessoas chegam a se perguntar o que este livro está fazendo na Bíblia. Entretanto, este livro é tido pelos judeus como um dos mais importantes livros poéticos. Inclusive, ele está incluído no Meguilot (conjunto de 5 livros do cânon judaico que são lidos apenas em dias de festa). O livro de Cantares é tão importante que sua leitura é feita na mais importante data do judaísmo: a páscoa.
Dada a complexidade do livro, alguns biblistas sugerem diferentes sentidos para ele. Há basicamente três sentidos atribuídos ao livro de Cantares, sendo eles:
1 – Sentido Histórico: A saudade do povo pelo seu rei (remontando o período do exílio);
2 – Sentido Literal: O amor decidido entre um casal apaixonado;
3 – Sentido Alegórico: O amor entre Cristo e sua Igreja; Iawé e Israel
Mas qual é a intenção principal do livro de Cantares? O livro é a celebração de um casamento. Entretanto, o tema central do livro não é casamento, mas o amor. Contudo, o autor sagrada expressa no casamento a expressão máxima do amor. O livro de Cantares é um convite de volta ao paraíso. Sua narrativa é descrita através de um cântico pré-nupcial, onde o noivo e a noiva declamam versos de amor um ao outro.
Os judeus levam o matrimônio muito a sério. O casamento, dentro do judaísmo, tem uma dimensão espiritual. Não são apenas duas pessoas que se juntam, mas duas criaturas que fazem uma aliança eterna diante de Deus. Alguns consideram o dia do casamento como o Yom Kippur pessoal. Por isso, os noivos são orientados a recitar salmos e buscar a santificação, pedindo perdão pelos pecados cometidos no passado, enquanto se purifica e se prepara para o futuro.
A celebração do amor no casamento
1 – Passa pelo romantismo
Romantismo por parte do homem (2: 10-14; 4:9-11)
Romantismo por parte da mulher (1:2-4)
“desfaleço de amor” (2:5)
“que desfaleço de amor” (5:8)
Foi realizada uma pesquisa recentemente para levantar quais são as principais queixas por parte das mulheres no relacionamento conjugal. Os números são impressionantes:
95% das mulheres reclamam da falta de romantismo;
98% das mulheres reclamam da falta de carinho.
Ou seja, a principal queixa das mulheres diz respeito à afetividade. Não há nada que fira mais o coração de uma mulher do que a rudez do marido. A grosseria causa feridas profundas na alma de uma mulher. Sabe qual é a função principal do homem no casamento? Alguns acreditam que a provisão. Entretanto, o apóstolo Paulo, escrevendo aos efésios, destaca que a função primeira do homem é amar. “Maridos, amai vossa mulher...” (Ef. 5:25).

Seja romântico! Quando vocês namoravam, tudo o que você fazia tinha um único objetivo: impressionar. E você era criativo. É preciso resgatar a criatividade dentro do relacionamento. Qual a última loucura que você fez por seu cônjuge?

2 – Passa pelo elogio
Elogio por parte do homem (1:8-11). Este é um homem atento, que nota os mínimos detalhes da mulher. Note que, neste verso, Salomão está reparando atentamente nos detalhes da roupa e enfeites de sua esposa. A própria mulher reconhece que o seu esposo é um conquistador (5:16).
Elogio por parte da mulher (5:10-15). Esta mulher elogia o porte físico do seu marido.
Nunca deixe de elogiar o seu cônjuge.

3 – Passa pelo prazer sexual

(7:1-2) – Salomão descrevendo a nudez de sua esposa
(7:10-13) – Sulamita convidando seu esposo a fazer amor com ela
Não devemos ter vergonha de falar sobre aquilo que Deus não teve vergonha de criar. O que é o livro de Cantares? É um cântico pré-nupcial, recheado de uma linguagem erótica. Ao examinarmos o texto de 1 Coríntios 7:3-5, percebemos que aquilo que é proibido fora do casamento é ordenado dentro do casamento. O sexo é uma ordenança de Deus. A primeira ordem, ou mandamento, registrado no livro de Gênesis é “sede fecundo e multiplicai-vos...” (Gn 1:28).
O livro de Provérbios declara: “Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com suas carícias” (Prov. 5;18,19).

4 – Passa pela valorização (8:7)
Hoje a riqueza de um homem é calculada pela quantidade de bens que ele possui. O respeito é baseado na conta bancária. A felicidade é o resultado daquilo que o homem conquistou. Por isso, a busca pela felicidade está fora do seu lar: é o sucesso no trabalho e a ascensão profissional. Entretanto, as Escrituras apresentam um tesouro mais elevado. A felicidade não está fora, mas dentro da nossa casa (Sl 127:1,2). Dr. Augustus Nicodemos disse “aquele que não é feliz dentro de casa não pode ser feliz em lugar algum”. A maior riqueza é a família!
O valor que damos a determinadas coisas está intimamente ligado ao tempo que dedicamos a ela. Assim, se queremos, de fato, valorizar nossa família, devemos, então, dispensar tempo para ela. O melhor do seu tempo deve ser para o seu cônjuge.


5 – Pelo sacrifício (Efésios 5: 25-33)

O amor é sacrificial. Amar tem um preço. E o preço do amor é muito alto porque dinheiro nenhum no mundo pode comprar o amor. O apóstolo Paulo afirmou que “ainda que eu distribua todos os meus bens aos pobres..., se não tiver amor, nada disso me aproveitará” (I Co 13:3). C. S. Lewis disse que “amar é doar-se a si mesmo”.
O maior paradigma do amor é Deus. É um amor incondicional. Philip Yancey disse: “não há nada que eu possa fazer para Deus me amar mais; não há nada que eu possa fazer para Deus me amar menos”. Não há nada que faça Deus mudar de idéia. Não há absolutamente nada que arranhe o amor dele por nós. Quando Paulo disserta acerca do relacionamento conjugal, é exatamente esse tipo de amor que ele evoca. Assim como Deus amou a Igreja, assim também o marido deve amar sua esposa. Percebe, em nenhum lugar há uma recomendação dizendo para a mulher amar o marido. O que a Bíblia requer é que a mulher honre o seu esposo. Mas, a função de amar é dada ao homem. O homem foi feito para amar e a mulher para ser amada.
O nosso amor não deve ser baseado numa relação de barganha. Mas numa doação integral ao nosso cônjuge.



Conclusão
Para a conclusão deste sermão, gostaria de compartilhar um fragmento de um poema de Kalil Gibram, em sua obra O Profeta:

Alguém pediu ao profeta: “Fala-nos sobre o amor”
Ele ergue a fronte e olhou para a multidão,
E um silêncio caiu sobre todos, e com uma voz forte, disse:
Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica.
O amor nada dá senão de si próprio
E nada recebe senão de si próprio
O amor não possui, nem se deixa possuir
Porque o amor basta-se a si mesmo.
Rev. Daniel Sampaio Mota

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