quinta-feira, 26 de março de 2009

Por que sofremos?

Por que sofremos?
Salmo 42


Se Deus é bom, por que coisas ruins acontecem a pessoas boas? Essa é, com certeza, a pergunta mais inquietante de toda a Escritura. O que mais nos perturba é ver o sofrimento do inocente. É difícil entender o porquê que o justo, muitas vezes, recebe como pagamento da justiça a injustiça.
O problema do sofrimento assola a compreensão humana. O próprio salmista registra sua angústia: “Até quando Senhor? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto?” (Sl 13:1).
Está em voga hoje o que o Rev. Ricardo Barbosa chamou, em seu livro O caminho do coração, de Teologia da Retribuição. É uma teologia que leva o homem a buscar e servir a Deus pela recompensa que pode receber. Também chamada por Caio Fábio de Teologia da Barganha. Como funciona essa teologia? É a lógica da causa e efeito: Deus abençoa o justo e pune o ímpio. Entretanto, essa abordagem não tem muito espaço nas Escrituras. Como explicar o sofrimento de Jó? Como explicar o sofrimento do apóstolo Paulo? Pessoas inocentes que nada fizeram para merecerem o sofrimento que as alcançou.

Entendendo o sofrimento

I – O Sofrimento tem sua origem no pecado
O Rev. Hernandes Dias Lopes afirma que “o sofrimento é filho do pecado”. Deus não criou o homem com o propósito de fazê-lo sofrer. Pelo contrário, a criação foi realizada com o propósito de que o homem gozasse da presença eterna e constante de Deus. A enfermidade, a dor, o sofrimento e as demais mazelas que assolam a vida tiveram sua origem no pecado.
O pecado contaminou toda humanidade. E, por causa disso, todos nós estamos sujeitos e vulneráveis ao sofrimento. O sofrimento é uma praga que afeta todas as pessoas. Ela não respeita idade, sexo, religião nem status social. O rico sofre, o pobre sofre, o homem sofre, a mulher sofre, a adulto sofre, a criança sofre. O sofrimento é um problema universal.

II – O Sofrimento “pode ser” provocado pelo diabo
A Bíblia diz que ele veio para matar, roubar e destruir (Jo 10:10). O inimigo de nossas almas é incansável na arte de tentar. Ele está sempre procurando uma brecha em nossas vidas para arruiná-las. Porém, é preciso desmistificar essa afirmação. Hoje, há uma tendência natural em culpar Satanás por tudo. Entretanto, uma leitura cuidadosa das Escrituras nos mostrará que nem todo sofrimento é, de fato, causado pelo inimigo.

III – O sofrimento pode ser produzido por nós
Muitos dos nossos sofrimentos são conseqüências de escolhas incertas. São desdobramentos de atitudes erradas. São conseqüências de pecados que, embora perdoados, ainda assim geram seus efeitos. Deus anula nossos pecados, mas não as consequências que ele traz. Alguns personagens bíblicos, como Jacó, Davi e Sansão, podem ser elencados para ilustrar essa verdade. Homens que experimentaram o sofrimento por causa de seus próprios erros.

IV – O sofrimento tem um propósito divino
A Bíblia afirma que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28). Assim, nada em nossa vida acontece por acaso. Todas as coisas que nos suscedem estão debaixo do controle absoluto de Deus. Ao olharmos para a história de José e nos depararmos com a dor que ele sofreu, é possível perceber que Deus estava trabalhando nos bastidores para um bem maior.
V – O sofrimento revela quem realmente nós somos.
O sofrimento revela nossa fragilidade e vulnerabilidade. No sofrimento a nossa fé é testada. É exatamento no deserto que colocamos para fora aquilo que está no nosso coração. O grande reformador João Calvino dizia que “o verdadeiro cristão se conhece em dias de angústia”. São exatamente em dias de crise que temos a grande oportunidade de vislumbrar a profundidade do nosso relacionamento com Cristo. Até mesmo Freud, pai da Psicanálise, admitiu que “uma vida sem turbulência não frutifica”. Há um valor terapêutico no sofrimento. Na prova nossa fé é testada e nosso compromisso com Cristo é posto em xeque.


Rev. Daniel Sampaio Mota

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